2.9.09

[ctrl c + ctrl v] Sarah Oliveira entrevista o estilista Mário Queiroz

O site Colherada Cultural, conta com a jornalista, ex-vj e apresentadora Sarah Oliveira em algumas colunas, e ela sempre faz algumas entrevistas com pessoas famosas...
O entrevistado da vez é o estilista Mário Queiroz, que acaba de lançar o livro "O Herói Desmascarado - A Imagem do Homem na Moda", escrito durante seu mestrado em Semiótica na PUC-SP.



Selecionei alguns trechos da entrevista:

S: Para você, qual foi a mudança mais significativa (na moda masculina no último século)?
Olha, Sarah, o mais perturbador, pra mim, foi constatar que a visão de herói está tão enraizada na cultura do homem que acaba ficando latente em seu comportamento e, consequentemente, no que ele veste. O homem passou por duas grandes guerras. Nesse período tão extenso de lutas, ele teve uma obrigação de defender seu estado, de ser um herói e isso não o permitia em hipótese alguma ser vaidoso, nem sequer pensar em se olhar no espelho ou cuidar de sua imagem.

S: Não havia tempo, não havia cabimento, não havia propósito...
Isso mesmo... e esse engessamento vem dessa herança do início do século, marcada por tantas guerras numa época em que a era industrial já havia começado. Outra constatação é que, nos anos 1960, quando essas guerras acabam e o homem começa a ficar mais liberado, mais à vontade e mais atento à sua vaidade, logo tudo volta a ficar duro de novo, por causa da descoberta da Aids - bem quando o homem relaxa um pouco, começa a se incomodar menos com o que as outras pessoas pensam, ele começa a ficar com medo de ser comparado a um doente, pois todos achavam que a Aids era algo ligado aos gays. E todos achavam que os homens que se vestiam de maneira descontraída eram gays e, portanto, poderiam ter Aids. Imagine, você! São essas questões, essas passagens importantes no comportamento do homem que acabam tendo relação direta com a moda, e é isso que abordo no livro.

S: Queria falar um pouco sobre rock e moda masculina. Hoje em dia a alfaitaria foi ressignificada não?
Com certeza, as bandinhas largaram as jaquetinhas de couro e começaram a usar os paletós. Os jovens continuam sendo rebeldes, talvez menos poilitizados (risos), mas, por exemplo, usar um paletó bem-cortado com uma calça jeans rasgada é uma forma de dizer: "Eu misturo o que eu quero. Eu construo um conceito". Pra mim é importante ser designer hoje em dia, viver de perto essas misturas e entender as possibilidades de criar uma individualidade. Não é ruim o homem se vestir de uma maneira mais séria, basta que ele tenha uma individualidade. As mulheres não tinham medo de parecerem malucas, saindo de calça com vestido por cima ou usando um vestidinho tipo camisola com uma bota. O homem não tem essa permissão. E tem gente que acha que eu como designer não posso mexer no volume, na cor? Não acredito nisso. Não acho que meus clientes não queiram ousar ou têm medo de serem chamados de "mulherzinha". Você conversa com um garoto de 16 anos, por mais antenado que seja, ele tem medo de ser caçoado. Ele ainda não tem essa segurança social, pois nossa sociedade é muito cruel com isso. Se você parar na rua e reparar, vai perceber quantos homens andam como se tivessem com uma armadura, querendo provar: "Eu sou homem, sim!" Então é isso que quero passar com meu estudo, não é simplesmente falar sobre moda masculina, e sim dar a possibilidade para o homem comum que não liga muito para o assunto refletir um pouco. O que de moda tem no comportamento dele?

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A entrevista inteira você lê AQUI.

Um comentário:

Unknown disse...

GAMAY no Mário!
Na entrevista ele já me conveceu a comprar o livro.