27.10.11

Apenas o clichê




Acabei de assistir "Apenas o Fim", filme brasileiro super independente com o Gregório Duvivier e a Érika Mader, passado na PUC (RJ), dirigido por um até então, estudante da PUC (RJ).
Essas eram as informações que tinha quando vi qualquer crítica sobre o filme.
Fiquei curioso em relação ao roteiro, que na época O Globo não especificou. Só elogiou.
Um delicioso clichê universitário da zona sul carioca!
Um término de namoro de uma hora de discussão.
Tem um quê de "Antes do amanhecer" e sua sequência, mas na PUC-RJ.

Fiquei pensando, além de qualquer coisa relacionada à construção da personalidade dos personagens, o que leva as pessoas a assistirem esses filmes. É uma DR, logo, presume-se que é um entediante e irritante, já que ninguém, além das histéricas, gosta de DR.
Ou seria a questão de que pimenta nos olhos dos outros é refresco?

Teorizações nem tão à parte assim, os personagens têm conversas de um casal em seu auge, porém no término do relacionamento. Se descobrem a cada pergunta casual repetida sobre preferências e .. teorias sobre o cotidiano.

O personagem do Gregório Duvivier, assim como eu, teoriza ironicamente até o por quê ele é a favor do trabalho infantil. Acaba por ser meio incompreendido, o que reforça o clichê jovem nerd aspirante a cineasta que ele aparenta se orgulhar, exibindo os óculos do avô com  coragem e louvor apesar do meio grau de miopia.
Ela, não foge aos estereótipos garota zona sul de personalidade excêntrica ao ponto de namorar o perdedor-geniozinho da faculdade, ainda que seja linda.

Os clichês se repetem a todo instante assim como "facas e ursos de pelúcia" se repetem no roteiro do filme.
O tema é clichê, os personagens são clichês, o lugar é clichê, as conversas são todas aquelas que se tem numa mesa de bar ou num domingo de pizza - cenas igualmente clichês.
Mas não seria isso que traz o charme do filme?
Não seria a segurança daquele fim esperado desde a primeira leitura do título do texto?
A falta de surpresa nos personagens com quem os protagonistas cruzam? Na trilha sonora "Marcelo Camelo"?
No banho de água fria (literal) do perdedor?

Qualquer comédia romântica ganha um casal na segurança de um clichê. Por isso são comédias, senão caem direto na sessão dos dramas das extintas locadoras.

E assim termino mais uma breve teoria irônica sobre o por quê comédias românticas são como valium para casais.

Nenhum comentário: